Beleza e inteligencia



“A mulher inteligente 
não é escrava dos caprichos dos costureiros, 
dos cabeleireiros e dos fabricantes de cosméticos.
Antes de adotar a última palavra da moda, 
ela estuda o efeito da mesma sobre seu tipo.
A mulher inteligente sabe que
mais importante que parecer “chique” é parecer bonita. (…) 
Raciocinem, estudem a si próprias, em detalhes, 
lembrem-se de o que fica bem a uma Elizabeth Taylor, 
miúda e frágil, ficaria ridículo em Sophia Loren.
No entanto, ambas são lindíssimas.”

Drinks!







O cupido



"À noite, no tempo em que todos os homens mortais dormem, 
Cupido bateu à minha porta e fez estremecer o ferrolho:
"Quem bate assim? exclamei. 
Quem vem interromper-me os sonhos cheios de encanto? 
- Abre, respondeu, não temas, sou pequenino. 
Estou molhado pela chuva, a lua desapareceu e eu me perdi dentro da noite."
Ouvindo tais palavras tomei-me de compaixão;
acendi a lâmpada, abri a porta 
e vi um menino alado, armado de arco e aljava;
levei-o ao pé da lareira, aqueci-lhe os dedinhos entre as minhas mãos,
e enxugo-lhe os cabelos encharcados de água. 
Mal se reanima: "Vamos, diz-se, experimentemos o arco.
Vejamos se a umidade o não estragou.
"Esticou-o e, então, e vara-me uma flecha ao coração,
como faria uma abelha; depois, salta, rindo com malícia:
"Meu hóspede, diz, rejubila-te.
O meu arco está funcionando perfeitamente bem, 
mas o teu coração está agora enfermo."

Elegância




Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, 
talvez por isso, esteja cada vez mais rara:
a elegância do comportamento.

É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres
e que abrange bem mais do que
dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha 
da primeira hora da manhã até a hora de dormir 
e que se manifesta nas situações mais prosaicas,
quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.

É uma elegância desobrigada.

É possível detectá-la nas pessoas que
elogiam mais do que criticam.

Nas pessoas que escutam mais do que falam. 
E quando falam, passam longe da fofoca,
das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.

É possível detectá-la nas pessoas
que não usam um tom superior de voz
ao se dirigir a frentistas.

Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores
porque não sentem prazer em humilhar os outros.

É possível detectá-la em pessoas pontuais.

Elegante é quem demonstra interesse 
por assuntos que desconhece,

é quem presenteia fora das datas festivas,

é quem cumpre o que promete e,

ao receber uma ligação, não recomenda à secretária
que pergunte antes quem está falando 
e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante.

É elegante não ficar espaçoso demais.

É elegante, você fazer algo por alguém, 
e este alguém jamais saber
o que você teve que se arrebentar para o fazer...

É elegante não mudar seu estilo
apenas para se adaptar ao outro.

É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.

É elegante retribuir carinho e solidariedade.

" É elegante o silêncio, diante de uma rejeição... "

Sobrenome, jóias e nariz empinado
não substituem a elegância do Gesto.

Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo,
a estar nele de uma forma não arrogante.

É elegante a gentileza,.atitudes gentis falam mais que mil imagens...

...Abrir a porta para alguém...é muito elegante 
(Será q ainda existem homens assim?)...

...Dar o lugar para alguém sentar...é muito elegante...

...Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma...

...Oferecer ajuda...é muito elegante...

...Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante...

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação,
mas tentar imitá-la é improdutivo.

A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver,
que independe de status social: 
é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu,
que acha que "com amigo não tem que ter estas frescuras".

Se os amigos não merecem uma certa cordialidade,
os desafetos é que não irão desfrutá-la.

Educação enferruja por falta de uso.

E, detalhe: não é frescura.

Toulouse Lautrec

Mergulha nos Sonhos





Mergulha nos sonhos
ou um lema pode ser teu aluimento
(as árvores são as suas raízes
e o vento é o vento)

confia no teu coração
se os mares se incendeiam
(e vive pelo amor
embora as estrelas para trás andem)

honra o passado
mas acolhe o futuro
(e esgota no bailado
deste casamento a tua morte)

não te importes com o mundo
com quem faz a paz e a guerra
(pois deus gosta de raparigas
e do amanhã e da terra)

E. E. Cummings, in "livrodepoemas"
Tradução de Cecília Rego Pinheiro

Laços

 
"Crie laços apenas com as pessoas que lhe fazem bem,que lhe parecem verdadeiras e que lhe trazem boa energia; desfaça os nós que lhe prendem àquelas que foram significativas na sua vida, mas infelizmente, por vontade própria ou não, deixaram de ser...
Nó aperta, laço enfeita."

Silvana Duboc

Je táime


Amor e Seu Tempo





Amor e Seu Tempo

 
Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prémio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe.

valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde. 


Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco'

A Repulsa do Poder pelo Homem de Letras



A Repulsa do Poder pelo Homem de Letras A repulsa dos poderes constituídos pelo homem de letras e pelo homem de pensamento (pois tanto a expressão racionalista do filósofo e do sociólogo como a apreensão intuitiva do real a que procede o ficcionista surgem como ameaça aos sistemas de imposição de ideias ou de coerciva persuasão), esse afastamento do intelectual inconformista, transformado assim, com raras excepções (que nalguns casos já beiram o limite da assimilação) em outsider, representa uma destruição de valores culturais, que se traduz não poucas vezes em atraso de gerações.
Evidentemente, tal relegamento do escritor para zonas de sombra acicata-o por vezes, levando-o a produções vertebradas, que são autênticos gritos da inteligência rebelde e onde não raro se derrama o melhor da capacidade imaginativa, tensa e exasperada, de períodos em que se obscurece a comunicação normal entre os homens e em que a acção do livro, reduzida embora em extensão, ganha uma acutilante qualidade crítica e concentra a dignidade de minorias advertidas culturalmente e firmes no seu espírito de resistência. Mas o saldo não deixa de ser negativo quando se considera não já tudo aquilo que o escritor suporta e sofre, mas - e sobretudo - o muito que a camada dos leitores perde pela falta de convívio efectivo com aqueles que são não, é claro, os meus mentores, mas os que injectam na massa ideias novas, que divisam, na zona penumbrosa em que o futuro se vai pouco a pouco libertando da hora viva, os moventes sinais de amanhã.

Urbano Tavares Rodrigues, in 'Ensaios de Escreviver'

Positivo