Amor como em Casa
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
Manuel António Pina Portugal
in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde"
in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde"
A Realidade do Amor
Que sempre existam almas para as quais
o amor seja também o contacto de duas poesias,
a convergência de dois devaneios.
O amor, enquanto amor, nunca termina de se exprimir
e exprime-se tanto melhor quanto mais poeticamente é sonhado.
Os devaneios de duas almas solitárias preparam a magia de amar.
Um realista da paixão verá aí apenas fórmulas evanescentes.
Mas não é menos verdade
que as grandes paixões se preparam em grandes devaneios.
Mutilamos a realidade do amor
quando a separamos de toda a sua irrealidade.
Gaston Bachelard,
in ' A Poética do Devaneio'
Assinar:
Postagens (Atom)