De tal modo é
Que eu jamais negá-lo poderia:
Sou agarrada na saia da poesia
Para dar um passeio que seja
Uma viagem de carro avião ou trem
À montanha, à praia, ao campo
Uma ida a um consultório
Com qualquer possibilidade, ínfima que seja, de espera
Passo logo a mão nela pra sair:
É um Quintana, uma Adélia, uma Cecília, um Pessoa
Ou qualquer outro a quem eu ame me unir
Porque sou humano e creio no divino da palavra
Pra mim é um oráculo a poesia
É meu tarô, meu baralho, meu tricot
Meu i ching, meu dicionário, meu cristal clarividente
Meus búzios, meu copo com água
Meu conselho, meu colo de avô
A explicação ambulante para tudo o que pulsa e arde
A poesia é síntese filosófica, fonte de sabedoria
E bíblia dos que, como eu
Crêem na eternidade do verbo, na ressurreição da tarde e na vida bela
Amém!
Elisa Lucinda
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