É Natal!!



A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações
 e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida".
 Que DEUS abençoe o seu lar com muitas alegrias e paz.

FELIZ NATAL e PRÓSPERO ANO NOVO!!!!!!!

O moço quer me fazer feliz... Pode?

chiaroscurophoto © 2009 Micael Tattoo Faccio | more info (via: Wylio)

Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço
e pros calos da sua mão 
e acho que vai dar tudo certo.
Me encho de esperança e nada.
Vem você e me trata tão bem. 
Estraga tudo.Mania de ser bom moço, coisa chata. 
Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? 
E nem o quanto você é bom filho.
Muito menos o quanto você ama crianças.
E trate de parar com essa mania horrível
de largar seus amigos quando eu ligo. 
Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar,
basta fazer tudo pra me perder.
E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom.
E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. 
E que segurar minha mão já basta.
E que ele quer conhecer minha mãe. 
E que viajar sem mim é um final de semana nulo. 
E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo
e não abrir a boca. 
Com tanto potencial pra acabar com a minha vida,
sabe o que ele quer?
Me fazer feliz. Olha que desgraça. 
O moço quer me fazer feliz. 
E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. 
E tirar de mim a única coisa
que sei fazer direito nessa vida que é sofrer.
Anos de aprimoramento
e ele quer mudar todo o esquema.
O moço quer me fazer feliz.
Veja se pode.

Autor Desconhecido

Acreditar outra vez....

  Ela é moça de poses delicadas, sorrisos discretos e olhar misterioso
Ela tem cara de menina mimada, um quê de esquisitice
Uma sensibilidade de flor, um jeito encantado de ser
Um toque de intuição, e um tom de doçura
Ela reflete lilás, um brilho de estrela
...Uma inquietude, uma solidão de artista
E um ar sensato de cientista
Ela é intensa e tem mania de sentir por completo -
E de ser por completo
Dentro dela tem um coração bobo
Que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez
Ela tem aquele gosto doce de menina romântica
E aquele gosto ácido de mulher moderna

 

Caio Fernando Abreu
 

 

Príncipe

Poema

 

Príncipe: 

Era de noite quando eu bati à tua porta
e na escuridão da tua casa tu vieste abrir
e não me conheceste.
Era de noite
são mil e umas
as noites em que bato à tua porta
e tu vens abrir
e não me reconheces
porque eu jamais bato à tua porta.
Contudo
quando eu batia à tua porta
e tu vieste abrir
os teus olhos de repente
viram-me
pela primeira vez
como sempre de cada vez é a primeira
a derradeira
instância do momento de eu surgir
e tu veres-me.
Era de noite quando eu bati à tua porta
e tu vieste abrir
e viste-me
como um náufrago sussurrando qualquer coisa
que ninguém compreendeu.
Mas era de noite
e por isso
tu soubeste que era eu
e vieste abrir-te
na escuridão da tua casa.
Ah era de noite
e de súbito tudo era apenas
lábios pálpebras intumescências
cobrindo o corpo de flutuantes volteios
de palpitações trémulas adejando pelo rosto.
Beijava os teus olhos por dentro
beijava os teus olhos pensados
beijava-te pensando
e estendia a mão sobre o meu pensamento
corria para ti
minha praia jamais alcançada
impossibilidade desejada
de apenas poder pensar-te.

São mil e umas
as noites em que não bato à tua porta
e vens abrir-me 


Ana Hatherly, in "Um Calculador de Improbabilidades"
Os Convencidos da Vida
 
Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.
Mas também os aturo por escrito. No livro, no jornal. Romancistas, poetas, ensaístas, críticos (de cinema, meu Deus, de cinema!). Será que voltaram os polígrafos? Voltaram, pois, e em força. 


Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista. 


Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?
(...) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil. 

Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro. 


Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface». Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.

Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim"

Data: 2007/11/08 09:00

Porque?


Literalmente Máquina de Escreverphoto © 2010 Esconderijo de Ana | more info (via: Wylio)


 Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. 
Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão
E medicina, advocacia, administração e engenharia, são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor…é para isso que vivemos.

(Sociedade dos Poetas Mortos)

Violência contra as mulheres

Problema dos homens

Por José Saramago

Vejo nas sondagens que a violência contra as mulheres é o assunto número catorze nas preocupações dos espanhóis, apesar de que todos os meses se contem pelos dedos, e desgraçadamente faltam dedos, as mulheres assassinadas por aqueles que crêem ser seus donos. Vejo também que a sociedade, na publicidade institucional e em distintas iniciativas cívicas, assume, é certo que só pouco a pouco, que esta violência é um problema dos homens e que os homens têm de resolver. De Sevilha e da Estremadura espanhola chegaram-nos, há tempos, notícias de um bom exemplo: manifestações de homens contra a violência. Até agora eram somente as mulheres quem saía à praça pública a protestar contra os contínuos maus tratos sofridos às mãos dos maridos e companheiros (companheiros, triste ironia esta), e que, a par de em muitíssimos casos tomarem aspectos de f ria e deliberada tortura, não recuam perante o assassínio, o estrangulamento, a punhalada, a degolação, o ácido, o fogo.

A violência desde sempre exercida sobre a mulher encontrou no cárcere em que se transformou o lugar de coabitação (neguemo-nos a chamar-lhe lar) o espaço por excelência para a humilhação diária, para o espancamento habitual, para a crueldade psicológica como instrumento de domínio. É o problema das mulheres, diz-se, e isso não é verdade. O problema é dos homens, do egoísmo dos homens, do doentio sentimento possessivo dos homens, da poltronaria dos homens, essa miserável cobardia que os autoriza a usar a força contra um ser fisicamente mais débil e a quem foi reduzida sistematicamente a capacidade de resistência psíquica. Há poucos dias, em Huelva, cumprindo as regras habituais dos mais velhos, vários adolescentes de treze e catorze anos violaram uma rapariga da mesma idade e com uma deficiência psíquica, talvez por pensarem que tinham direito ao crime e à violência. Direito a usar o que consideravam seu.

Este novo ato de violência de gênero, mais os que se produziram neste fim-de-semana, em Madrid uma menina assassinada, em Toledo uma mulher de 33 anos morta diante da sua filha de seis, deveriam ter feito sair os homens à rua. Talvez 100 mil homens, só homens, nada mais que homens, manifestando-se nas ruas, enquanto as mulheres, nos passeios, lhes lançariam flores, este poderia ser o sinal de que a sociedade
necessita para combater, desde o seu próprio interior e sem demora, esta vergonha insuportável. E para que a violência de gênero, com resultado de morte ou não, passe a ser uma das primeiras dores e preocupações dos cidadãos. É um sonho, é um dever. Pode não ser uma utopia.

Publicado em O Caderno de Saramago | Comments Off – Julho 27, 2009

Permitido




Atiram a gente nesse mundo

Nosso coração sente um monte de coisa desordenada

Nosso cérebro pensa um monte de absurdo

E a gente ainda precisa ser superequilibrada para ganhar alguma coisa da vida

Como se só por estar aqui, aturando tanta maluquice
A gente já não devesse ganhar aí um desconto para também ser louco de vez em quando


Tati Bernardi

-

Tati Bernardi

Segurança Pública se faz com Coragem!


Andrea Figueiredo
Brasília, 17/12/2010


Segurança Pública se faz com Coragem
           
           
Segurança Pública se faz com Coragem
           
            Vivemos um momento glamoroso no que diz respeito à figura do Policial. Acompanhamos o sucesso dos filmes Tropa de Elite I e II; temos novos programas sobre violência urbana, onde os astros são policiais em ação, em um formato televisivo recentemente copiado da televisão americana onde as séries como "COPS" e "CSI", dentre outros já fazem sucesso há muito tempo. Assistimos um telejornal que traz o ex-capitão do BOPE analisando o lado técnico das ações policiais, além das recentes coberturas midiáticas em tempo real das ações de confronto no combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Tudo isso acrescido do total apoio da população. As ações policiais demonstram uma das mudanças culturais pelas quais passa a nossa sociedade brasileira, uma vez que até bem pouco tempo na grande maioria das vezes a imprensa costumava retratar o policial como um repressor, corrupto e violento.

            Entretanto, apesar destes fatos contribuírem para melhorar a auto-estima do policial que ao longos das últimas décadas vem sofrendo todo tipo de preconceitos por resquícios de pensamentos oriundos dos tempos da ditadura militar, existe o lado  perigoso de se acreditar que Segurança Pública é problema exclusivo dos órgãos Policiais. A definição de polícia oferecida por Egon Bittner quando escreveu que: "quando um cidadão afirma: alguém tem que fazer alguma coisa sobre isso, e depressa",  resume de maneira simples, direta e verdadeira o conceito de polícia para a grande maioria da população brasileira. 

            O cidadão comum não entende que as polícias por si só não resolvem os problemas da criminalidade e violência no país. O controle social não é estritamente policial. A Segurança Pública é matéria interdisciplinar e os fatores que contribuem para a atual falta de Segurança no país são fatores históricos, culturais e sociais.
 
            A Constituição Federal preceitua:
 "Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio dos seguintes órgãos: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares." (grifos meus)

            Portanto, Segurança Pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos. Então todos têm que ser chamados e encorajados a participar deste processo. 

            Segurança Pública inicia com a coragem na educação. Primordialmente começando pela educação familiar, passando para a educação escolar, para que o cidadão tenha ciência dos seus direitos e também adquira a consciência de suas obrigações para com a sociedade. A educação deve trazer além do conhecimento, os valores humanos tais como ética, justiça, disciplina, honestidade, solidariedade, verdade, consumismo consciente, ambientalismo entre outros, que são tão importantes para o indivíduo, quanto para a vida na coletividade. 

            A educação diz respeito ainda quanto à capacitação dos próprios policiais, para isso é necessária modernização das Academias de Polícia que promovam a capacitação do policial tanto para administração e gestão, além é claro da capacitação técnica para que sejam habilitados a exercerem com profissionalismo e adequação o uso progressivo da força, dentro dos limites da lei e da legitimidade. E a educação também no sentido de dar conhecimento e informação às demais entidades do governo, para que conheçam e exerçam efetivamente o seu papel nas políticas de Segurança Pública.      

            Imperativo se faz que o Estado tenha coragem de promover a integração entre os órgãos de governo para que haja a real eficiência do planejamento e execução dos atos necessários a implementação do atual conceito de que "Segurança Pública se faz com Ações Sociais". É de extrema importância que os entes envolvidos estejam comprometidos, integrados e harmônicos, desde a integração entre as próprias polícias, quanto com os demais órgãos do executivo, além dos outros poderes legislativo e judiciário.

            O tópico anterior recai sobre a coragem de modernização da atual legislação brasileira, preenchendo lacunas normativas e proporcionando uma maior eficácia dos procedimentos do ordenamento jurídico, desde o atual modelo do Inquérito Policial, passando pela legislação penal e suas leis de execução no sistema prisional. Estas mudanças não só gerariam celeridade e justiça, quanto definiriam o rompimento do atual pensamento coletivo de impunidade.

            Deve ser assegurada aos órgãos de Segurança Pública a autonomia necessária para que possam atuar sem interferências prejudiciais de políticas governamentais, com efetivo e material, além do devido apoio dos demais órgãos necessários, para implementar os Conselhos Comunitários e as Polícias Comunitárias. Da mesma forma é imprescindível o fortalecimento e a modernização da Ciência Forense. É indispensável dotar a polícia de apoio científico e tecnológico o mais avançado possível. É preciso iluminar o inquérito policial e a ação penal utilizando a inteligência e equipamentos de ponta, e isso só é possível com uma Polícia Científica preparada e devidamente equipada.
 
                 Ações para a profissionalização e valorização do profissional de segurança pública têm que ser prioritariamente estabelecidas, pois são esses profissionais que estão nas ruas, pondo a própria vida em risco para o cumprimento da árdua missão de proteger a sociedade. Entretanto não se pode acreditar que o policial é o herói fictício da televisão e sim um ser humano que, como todos, também têm direitos e necessita ser ouvido, reconhecido, bem remunerado. Que tenha a qualidade de vida necessária para que possa desempenhar seu ofício (do mais alto interesse público e tão cheio de riscos), com eficácia e eficiência. O Estado, acima de tudo, deve assegurar aos policiais vencimentos dignos, plano de carreira adequado, qualificação permanente, acompanhamento de saúde física e mental, gestão de pessoal e a otimização das condições de trabalho. Vejamos o que diz Ricardo Balestreri:

            "O policial, pela natural autoridade moral que porta, tem o potencial de ser o mais marcante promotor dos Direitos Humanos, revertendo o quadro de descrédito social e qualificando-se como um personagem central da democracia." 

            Para consolidar avanços na redução do crime e da violência e promover uma segurança pública eficaz é preciso coragem. Não só a coragem do policial, que enfrenta o criminoso no dia a dia, mas a coragem do Estado e da sociedade civil de sair da zona de conforto e implementar políticas de Estado e não de governos. Coragem para combater a corrupção, combatendo ainda as conveniências e os privilégios.

            Portanto, o Estado deve se preocupar em promover não só o combate ao crime, como desenvolver políticas de prevenção, garantindo a segurança de forma dialogada e compartilhada. Isto envolve também o aperfeiçoamento da produção de dados e informações refinadas e a sua utilização na formulação, implementação, monitoramento, fiscalização, avaliação das políticas de segurança pública, estratégias organizacionais e principalmente, trazer para todo este processo os demais segmentos da administração pública e da sociedade.
            Destarte, diante de toda a dinâmica da humanidade, com seus costumes e sua cultura, nós brasileiros com nossas características peculiares de sermos um povo cordial, intimista, amigo, cumpridor das leis e corajoso, estamos aos poucos filtrando, consolidando e reconhecendo os valores verdadeiros do ser humano. Continuemos todos, Estado e sociedade brasileira firmes e corajosos, empenhados em nossa recente jornada evolutiva perante uma humanidade já tão antiga.

Quem sabe, um dia, sejamos muldialmente reconhecidos como um país no qual o bem prevalece sobre o mal. Assim, por mais utópico que seja este pensamento, se todos nós tivermos a coragem de assumir esta responsabilidade, conseguiremos transformar o filme em realidade, onde o herói sempre vence no final.


 Este texto é decorrente das observações pontuais absorvidas na participação na I Jornada Formativa de Direitos Humanos promovida pela Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP. Nessa oportunidade foram travadas amplas discussões com brilhantes profissionais dos demais órgãos de segurança pública do Distrito Federal, tendo como facilitadores experientes pesquisadores do ISER. Estes debates propiciaram opiniões importantes quanto a consolidação da segurança pública no estado democrático e promoveram a elucidação e o fortalecimento de uma visão de segurança pública na qual se desfaça a falsa oposição entre ela e o campo dos direitos humanos.



           
           


Soneto 151

 Amor en la sombraphoto © 2008 Lorena Torres Angelini | more info (via: Wylio)

O amor é muito jovem para ter consciência:
Embora quem desconheça que esta nasça do amor?
Então, gentil mentiroso, não me apresses,
Minha culpa decresce quão mais doce teu ser for.
Pois, se me traíres, trairei
A parte mais nobre do meu corpo –
Minha alma diz que ele
Triunfará no amor; a carne prescinde da razão;
Mas, elevando-me ao teu nome, te transformo
Em seu prêmio mais dileto. Orgulhoso disso,
Contenta-se em carregar seu pobre fardo,
Impor-se aos teus casos, tombar ao teu lado.
Prescindo de consciência para chamá-la
De amor – amor por que me ergo e tombo.

William Shakespeare
 
 
 
Se você sabe conviver com pessoas

Intempestivas, emotivas, vulneráveis, amávéis

Que explodem na emoção

Acolha-me



Clarice Lispector

Eu era ateu (eu não!)

Eu era ateu

c_renata_alexandre_0037.jpgphoto © 2009 Patricia Figueira | more info (via: Wylio)

A graça de Deus
 
Eu era ateu
até que Deus me concedeu
essa graça
Agora eu rezo todo os dias
para ver se passa
 
Assim ele cabala fé
onipresente, onisciente, onipotente
semeia desgraças pelo mundo
terremotos, desabamentos, enchentes
epidemias, guerras santas, genocídios
e os sobreviventes agradecem-lhe
por estarem vivos
por terem perdido só a casa
por terem perdido só uma perna
por terem perdido só três parentes
por Ter-lhes concedido a "vida eterna"
 
Como Ele consegue?
Essa é a graça de Deus
 
Alessandro Uccello. 


Mulheres que correm com os lobos




A mulher selvagem em quase tudo é uma mulher comum:
Acorda cedo, leva filho pra escola, vai pra academia,
trabalha, sai com as amigas, aproveita as promoções,
vai pro supermercado, bota o lixo para fora
e tem dia que desiste de sair porque se acha um trapo.

Porém em tudo que faz exala um frescor de liberdade. 
E também dá arrepios:
você tem a impressão que viu uma loba na espreita. 
Você se assusta, olha de novo... 
e quem está ali é a mulher doce e simpática,
ajeitando dengosa o cabelo, quase uma menininha. 
Mas por um segundo você viu a loba, viu sim.
É ela, a mulher selvagem.

A sociedade tenta mas não pode domesticá-la,
ela se esquiva das regras. 
Quando você pensa que capturou, 
escapole feito água entre os dedos.
Quando pensa que finalmente a conhece,
ela surpreende outra vez. 

Tem a alma livre e só se submete quando quer.
Por isso escolhe seus parceiros entre os que cultuam a liberdade.
E como os reconhece?
Como toda loba, pelo cheiro.
Por isso é bom não abusar de perfumes. 
Seu movimento tem graça, o olhar destila uma sensualidade natural 
- mas, cuidado, não vá passando a mão. 
Ela é um bicho, não esqueça.
Gosta de afago mas também arranha."

Ricardo Kelmer por Serena

Mais clarice...


 "Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, 
coubera arrancar de seu coração a flecha farpada.
De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura,
e para que eu nascera sem nojo da dor.
Para que te servem essas unhas longas?
Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais,
responde o lobo do homem. 
Para que te serve essa cruel boca de fome?
Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, 
já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada. 
Para que te servem essas mãos que ardem e prendem?
Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto 
- uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras 
antes de se aconchegarem um no outro
para amar e dormir."

Clarice Lispector

Hoje é o aniversário da minha ídola Clarice....



 O sonho

Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Clarice Lispector 

Até que...

Paintingphoto © 2009 Lorando Labbe | more info (via: Wylio)

Até que... apareceu ele.
Que me conquistou aos poucos, 
que se tornou no meu melhor amigo,
na minha metade, na minha pessoa,
no meu preferido no mundo todo.
O que me faz estar em ânsia até ouvir a chave na porta.
O que me apoia nas crises existenciais, nas dúvidas, nas birras.
Uma pessoa com um coração como eu nunca tinha visto,
com uma dedicação desmedida,
de um altruísmo pouco comum nos dias que correm. 
Quando me dá para a parvoíce e penso que, 
por qualquer motivo, posso ficar sem ele,
o coração contorce-se e eu agarro-o com toda a força que tenho,
porque já não me imagino sem ele.
Talvez o meu amor não seja maior que muitos outros amores. Mas é o meu.
E sonhei tanto com uma pessoa assim
que ainda me custa um bocadinho a acreditar que a encontrei.

Pipoca

Meu sopro...


Se o sopro do meu ser em poesia

Chegar a tempo de curar-te a dor

Ou de aliviar-te essa agonia

Aceita pois, meu outonal rebento

E faz de conta que eu te dei guarita

Que as begônias floram o teu caminho

E que as cigarras cantam em tua vida


Kátia Drummond

Geraldina...

Flor otoñalphoto © 2009 Dani Bar | more info (via: Wylio)


Ha dois meses perdi minha vovó, que era a minha florzinha aqui na terra.
Ela foi no primeiro dia da primavera e fiquei pensando que Deus a levou para perfumar o céu.

Veja estas palavras:


"Como é dolorosa a palavra falecer...
Nenhuma dor ou sofrimento na terra poderá talvez se comparar ao coração que se debruça sobre o outro coração regelado e querido que parte para o grande silêncio.
Eu também passei por esta dor. É como despedaçar a própria alma e continuar vivendo mergulhado na indescritível tristeza e solidão.

Mas não nos deixemos perder no frio do desencanto, pois ainda temos a grande luz do Espírito Santo que dá aos nossos entes queridos a luz que não se apaga e ilumina os nossos caminhos para prosseguirmos, até que um dia, na vida eterna, possamos juntamente com os nossos queridos louvar a Deus para sempre.

Sejam fortes e tenham fé, porque nossos entes queridos não morreram, apenas mudaram para uma vida junto a Deus".


Geraldina Oliveira
    (minha vó)


Encontrei este rascunho de uma carta que ela escreveu para uma grande amiga, logo depois que a vovó se foi...

Espero que estas palavras te tragam o mesmo alento, que trouxeram ao meu coração.